Como foi o IYPT em Taiwan (by Liara)

Curiosos pra saberem mais detalhes de como foi o IYPT em Taiwan? Bom, como eu não fui pra lá desta vez, tive que apelar para outros recursos pra conseguir postar alguns detalhes aqui. Assim, abaixo, segue um post que a Liara colocou em seu blog Vida de Olímpico. Para ler o post em sua fonte, clique aqui. Acesse o blog dela também para mais posts sobre o IYPT deste ano e do ano passado.

Em um próximo post, espero poder postar algumas fotos e links para fotos da equipe brasileira deste ano. Para mais informações sobre como foi a edição deste ano, acesse o Facebook do IYPT BR, que foi constantemente atualizado durante o torneio.

Fiquem abaixo com a citação do post e boa leitura!

Oi pessoas!

Tudo bom?

Então, estou aqui num ônibus pra Tao-Yuan, em Taiwan, pra pegar um voo pra áfrica do Sul, pra ir pra cidade do cabo… bom, acho que vai demorar um pouquinho até eu chegar em… algum lugar, digamos assim.

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Bom, vamos agora à olimpíada… ganhamos prata (\o/), um troféu maneiro loucamente legal, um bando de souvenirs dos outros participantes, etc etc etc.

E como chegamos nisso? Ok, longa história…

Primeiramente, teve a nacional… conseguimos segundo lugar, apresentando o sóliton. Admito que naquela época ele não estava em seu melhor estado, algumas falhas, faltas de comparações e etcs, mas já estava no caminho para conquistar uma das coisas mais legais que eu já ganhei em minha jornada olímpica.

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Outro dos meus problemas era o jato e sabão, que tem fotos lindíssimas (por isso que eu escolhi esse), que também (mesmo sem ser apresentado por mim em nenhum torneio 😦 ) foi fundamental para nossa “medalha” tão almejada.

Para o torneio internacional, fiz o honey coils também, que era do Bruno na nacional, peguei várias partes da apresentação dele, estava muito boa, adicionei experimentos, mudei a ordem e as comparações e pronto (bom, falando assim parece fácil, mas demorou pra caramba e deu muito trabalho, mas acabou ficando bom 🙂 ). Mais um problema que não chegou a ver a luz dos fights…

Quando chegamos, um dia antes do torneio, eu estava passando muito mal do estômago, muitas horas de voo, comida estranha, cansaço e stress, mas depois de uma bela noite de sono (ok, consegui dormir por umas 4 horas, acordei no meio da madrugada sem sono algum) e piscina aquecida, melhorei.

Fomos então à cidade do torneio (até agora não sei o nome), para os nossos quartos, num calor absurdo e umidade gigantesca, encontramos um dos quartos mais estranhos de toda a história de quartos estranhos, com camas da grossura de papel, janelas que davam para o dormitório dos meninos (mesmo com a veneziana fechada, dava pra ver o que se passava nos quartos), ar condicionado que funcionava quando queria e um chuveiro que não prendia na parede… além do exaustor louco que parecia gritar. Ocasionalmente.

Bom, teve o “jantar de abertura”, mas foi como qualquer outra refeição, simples, comidas estranhas e apimentadas, acabei não comendo… mas não estava com fome, de qualquer jeito.

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No dia seguinte, a abertura, definição dos fights e emoções adoidadas. Fui uma das primeiras a pegar o leque (muito bonito, por sinal), com o número 22. (Pensei que tivesse pegado o número errado, mas no final, não havia mais certo do que esse). Em 21, Alemanha, e 23, Coréia. Fiquei muito feliz, e ao mesmo tempo, com um leve medo, mas preferi escolher a primeira sensação e confiar na sorte do 22. Naquele mesmo dia, o primeiro fight, revisores primeiro, do time da Alemanha, problema 3, da bolinha. Por algum motivo (coincidência ou não) eu havia sonhado exatamente com esse fight, com exatamente esse problema, mas deixando isso pra lá, foi uma apresentação fraca, uma oponência não muito boa e avaliação normal. As notas não foram muito altas, mas não foram surpreendentes. Depois, fomos oponentes da Coréia, ascensão da água… sinceramente, nosso problema da nacional (do Rafael) estava muito melhor, mas as notas deles foram altas, por algum motivo. Depois, fomos relatores, problema 7, ouvindo a luz. O fight foi normal, Alemanha nossa oponente, mas depois eu soube que eles não haviam terminado o problema, o que explicou as perguntas fora de foco e um pouco confusas. Novamente, notas intermediárias, mas que nos proporcionaram o décimo lugar depois daquele fight (uma boa coisa, visto que ano passado ficamos em décimo quinto).

O segundo fight foi épico, não sei se acho isso porque eu apresentei um problema (subjetividade pode estar atuando), mas as notas foram fantásticas. Com 41.5, subimos para quinto lugar, segunda melhor nota daquele dia (não me recordo quem foi o primeiro, talvez Singapura). Apresentei o 3, bola saltitante, 11:20 min de apresentação, tudo tão explicado (mais do que seria nos meus mesmo, que eu vomitaria slides infinitos, experimentos infinitos e teorias infinitas), o fight foi bem divertido, o oponente da República Tcheca era extremamente educado e calmo. 🙂

Depois, revisores, também notas altas, assim como oponente, do honey coils, uma apresentação extremamente estranha, com dados que até agora eu não acredito (durante o fight, eu mostrei que eles eram incompatíveis com… tudo), mas consegui notas boas, mesmo tendo que me virar com respostas do tipo

– “A tensão superficial é relevante?” – eu

– “A variação de temperatura é muito importante.” – relatora

-”Mas e a tensão superficial?” – eu

-”A temperatura…” – relatora

-”… -.-” – eu

Mas de qualquer forma, conseguimos notas lindas!

Agora o terceiro fight, bom, apresentamos o Carrossel de Helmholtz, as notas foram normais, caímos um pouco, para sexto. Quarto fight, Plástico Colorido, os jurados já estavam estranhos, inventando enunciados para o problema (por exemplo, que o fenômeno deveria ser testado somente com luz do sol, sendo que o enunciado de verdade falava de diversas fontes de luz), as notas refletiram certa parcialidade (como o quinto fight ano passado -link-, eu já esperava isso, mas o pessoal do time ficou bem bravo, como eu antes). De qualquer forma, fui oponente do jato e sabão, uma apresentação bem superficial (desculpa pela piada inserida, o problema gira em torno de tensão superficial do filme de sabão 😀 ), apontei infinitas coisas, a nota foi ok.

Agora, a parte mais épica desse fight. Fomos revisores do 17, Mangueira de Incêndio, problema que nenhum de nós havia lido qualquer coisa sobre, nem um paper nem nada. Nunca prestei tanta atenção em uma apresentação como prestei nessa, realmente avaliei o fight. Por algum motivo lindo, perguntei sobre o número de Reynolds (obrigada Demetrius e Denise por pensarem nisso!), o que acabou sendo muito relevante. Todos jurados adoraram minha avaliação, um deles disse até que gostou como eu entendi melhor que o relator e o oponente a dinâmica do problema, como funcionava, os mecanismos, enquanto eu ficava simplesmente surpresa, nunca havia visto o problema, minha única ideia era que ele parecia com o coils, o número de Reynolds e a apresentação do polonês. Foi uma sensação diferente de qualquer outro fight em que eu já estive.

Depois, no quinto fight, começamos como relatores, problema 10, Water Rise, a apresentação foi muito boa, o fight também, mas… as notas não foram lá tão boas, sequer condizentes entre si. Ali pensamos que a prata estava já fora de alcance. Depois, fomos observadores, relaxar um pouco fez bem pro time todo. Na avaliação, fizemos o problema 1, Invent Yourself, quando o famoso (para nós, ao menos) slide 47 nos garantiu uma ótima nota (explicando: havia nesse slide um experimento realizado de forma errada, que somente nós percebemos, eles colaram a ponte no suporte, o que alterava toda a dinâmica do problema). Como não poderíamos mais apresentar o sóliton, pedimos para o time da Bielorrússia, que prontamente aceitou. Fui oponente do meu principal problema, na melhor apresentação de IYPT que eu já vi, as melhores respostas e deduções. Foi simplesmente lindo. Nos primeiros minutos de fight eu ainda tinha que me acostumar a um relator que sabia de fato o que estava fazendo. Mas depois, consegui encadear perguntas importantes e focar no que o problema pedia. Aquele fight foi o que nos garantiu a medalha de prata.

Depois, a final. Dois dos meus problemas estavam lá para serem apresentados. A expectativa de ver um sóliton melhor que o meu ou do bielorrusso foi por água abaixo nos primeiros minutos de apresentação. Uma solução de sine-Gordon errada, algumas comparações duvidosas, foi um terror. Depois daquilo, eu estava certa que a Coréia não merecia ganhar o primeiro lugar.

Depois, Singapura, com o Ouvindo a Luz, foi uma apresentação bonita (pessoas que fizeram o problema diriam “supremamente linda”, mas eu não conheço o problema tão bem pra saber quão linda foi a apresentação), só restava a Suíça, com o Honey Coils… as expectativas sobre aquela apresentação cresciam, talvez fosse uma bela solução, não sabíamos.

Quando começaram, mostraram o fenômeno, uma teoria extremamente breve, experimentos que até agora eu não sei o que significam (não por falta de conhecimento minha do problema, mas por falta de coerência dos dados apresentados), parecia uma apresentação mediana da nacional. A do Bruno estava infinitamente melhor e mais completa.

Estava clara a liderança de Singapura, o que foi confirmado pelo resultado final.

Coincidentemente, a ordem dos problemas da final foi a mesma que vimos na nacional, Ouvindo a Luz, Sóliton e -problema aleatório-.

Depois, fomos a um almoço pomposo, antes da premiação, entretanto apimentado. Muito apimentado. Mas os docinhos estavam gostosos. Na cerimônia, houve uma apresentação com Diabolos, muito bonita, por sinal. Chamaram todos os times (somente o país e a colocação, sem ninguém ir lá na frente), depois chamaram de novo, somente os medalhistas, e entregaram uma placa, escrito IYPT e o símbolo pintado de marrom… pensamos: “é só uma espécie de certificado, em madeira”… não entregaram mais nada… pensamos: “vão entregar depois, já chamaram duas vezes, por que não a terceira?”… não chamaram mais. Nossa “medalha” é uma placa de madeira. Bonita, mas… não é uma medalha. De qualquer forma, após uma breve revolta, nos lembramos que, medalha ou não, era prata e era sétimo lugar!

-Atualização em tempo real: acabei de chegar no hotel da Cidade do Cabo, o quarto é muito bom, com uma cama de casal! Voltando-

Depois, o pessoal do time foi pra cidade comprar eletrônicos, eu não fui. Por quê? Bom, na minha opinião, a olimpíada perde o sentido se você não faz as coisas da olimpíada. Se a interação com os participantes se perde, sobram somente 30 horas de viagem e -insira eletrônico aleatório aqui-, então pra mim foi bem mais divertido ir no Night Market versão miniatura no campus do que rodar Taipei em busca de um desconto -nada contra o outro estilo, só falando meu ponto de vista 🙂 -, de qualquer forma, coloquei assuntos em dia com velhos amigos, fui mordida por pernilongos até não sobrar espaço na perna, dei risadas, resumindo: foi legal pra caramba!

No dia seguinte, fomos para um parque arqueológico, muito quente! Muito! Chegava nos 35 graus. Úmido. Sem núvem alguma no céu. Foi divertido! Fomos almoçar, o pessoal comeu cachorro (sem saber que era cachorro), eu comi camarão e sorvete (não ao mesmo tempo…) e depois, infelizmente a Denise queimou feio os pés na areia, foi pro hospital e tudo. Nós seguimos o passeio até uma formação ativa de coisas sulfurosas (não me vem o nome à cabeça), que fedia. Mas tinha uma bela paisagem.

Depois disso, a festa de encerramento, com uma surpresa incrível. Descemos do quarto, as equipes estavam fazendo apresentações “típicas” de cada país… inicialmente não queríamos dançar nada, mas nos convenceram. Decidimos dançar “Ai se eu te pego”. Sim. Essa mesma. Se fosse assim direto, eu ficaria extremamente encabulada e envergonhada, mas em um determinado instante, me chamam ao palco. Haviam chamado logo antes o bielorrússo do sóliton (Anton, eu acho), como melhor relator da competição. Eu havia sido a melhor oponente do IYPT 2013. A minha reação foi subir lá correndo, com um sorriso de orelha a orelha. Foi, para mim, o pico da competição. Eu não esperava. E um troféu lindo (e eu tinha ficado brava com a falta de medalha, compensou!), rugoso e transparente. Aquele fight foi o melhor de todos da competição. Eu, o relator e o avaliador ganhamos troféus. Valeu a pena ter feito o problema e não ter relatado. \o/ VIVA O SÓLITON!

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(Foto por Kent Hogan), eu e o melhor avaliador, Jared Lee.

Após essa surpresa, eu estava eufórica, distribuímos lembranças do Brasil, um monte de gente com bandeiras, chapéus, pulseiras e botons… foi bem legal!

Depois, ficamos acordados a noite inteira, jogando cartas, conversando, tomando café da manhã as 5 da manhã haha. Foi uma das noites mais legais da competição! Despedidas são chatas, mas sempre fica a possibilidade de tudo convergir de novo. Quem sabe um dia… 🙂

Depois disso, fui arrumar minhas malas, lavar roupa (na maquina muito doida que tinha lá em uma salinha do dormitório), secar e finalizar tudo. Fomos ao “Hotel” onde seria o IOC meeting, um quarto gigantesco, 3 camas de casal, banheira, chuveiro, 3 pias, 2 sofás, uma mesinha de centro, uma sala de espera e um frigobar. Muito bom o lugar.

No dia seguinte, fomos de bicicleta até um lago, subindo a montanha, com o time da Bielorrússia, foi muito legal! O caminho era muito mais longo do que imaginávamos, muito mais quente e muito mais úmido. No meio do percurso, metade das pessoas já estava sem camiseta (bom, eu estava com biquini, então estava normal haha). Diversos quilômetros e garrafas de água depois, chegamos no tão esperado lago. Havia uma placa de “proibido entrar”. Foi uma decepção coletiva. Entretanto, acabamos entrando, após descobrir que não eram impedimentos de doenças, e sim de o dono de lá ser chato. A água estava em uma temperatura extremamente agradável. Foi o melhor passeio que fizemos em Taiwan.

Nesse mesmo dia, teve o jantar de encerramento, com os membros do IOC e uma dança local. A melhor parte da noite foi ver o Yunosov (criador do IYPT) dançando com um leve delay, acompanhando a música e os outros participantes. -vídeo aqui, em breve-

A sessão de fotos foi extremamente engraçada, incorporando o “Piauí style” a todas as nações. Aquele dia foi muito legal.

Então, chegamos ao começo desse post. Quando fomos no ônibus para o aeroporto para vir pra África do Sul. E aqui estou eu!

Sei que esse post foi curto, mas se alguém terminar de ler, você tem coragem hahaha.

Até a próxima!

Depois escrevo algumas partes com mais detalhes, as que valerem a pena. 🙂

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